Primeiras impressões sobre as minhas primeiras impressões serigráficas

serigrafia, gostoso demais

Pessoal
SESC
Serigrafia
Autor

Bianca Muniz

Data de Publicação

30 de junho de 2024

Sempre gostei de desenhar e aprender processos que envolvem desenho, com materiais diferentes, em superfícies que não estou habituada. Isso me motivou a me inscrever em maio numa oficina de Introdução à Serigrafia, no SESC Pompeia, que foi finalizada na semana passada. O instrutor foi o grande Bruno Perê e a turma contava com muitas pessoas das artes e do design. Minha bagagem de jornalismo e dados parecia de pouca utilidade na atividade, mas criatividade e colaboração não se limitam à arte, né? Foi muito bom focar numa atividade manual e exercitar minha presença durante a criação.

O que é Serigrafia

Tem uma explicação mais bonitinha no :Wikipedia, mas basicamente, funciona assim: você tem uma tela de tecido preparada com uma espécie de estêncil (um molde vazado) e a tinta é passada por essa tela com a ajuda de um rodo, puxador ou espátula. A tinta que ultrapassa o tecido cria uma imagem na superfície embaixo dela.

O Perê mostrou primeiro como imprimir com estêncil e alguns pontos de atenção nesse processo (como as pontes nas letras e como segurar o estilete, por exemplo).

primeira impressão, em grupo e com estêncil. Desenhamos o molde num sulfite, cortamos com estilete e fixamos o estêncil numa tela. O resultado foi esse dinossaurinho 🦖💩

primeira impressão, em grupo e com estêncil. Desenhamos o molde num sulfite, cortamos com estilete e fixamos o estêncil numa tela. O resultado foi esse dinossaurinho 🦖💩

A medida que as aulas foram passando, a técnica era incrementada com alguma coisinha nova. O Perê ensinou como esticar a tela, usando tecido e um quadro. O processo de impressão abaixo eu fiz nessa tela, desenhando uma imagem num papel contact (de maneira inversa) e cortando com o estilete. Diferentemente do estêncil anterior, nesse aqui não precisei me preocupar com as pontes, mas tive que ficar mais atenta com a matriz de transferência, evitando bolhas entre a tela e o molde (o professor me ajudou nessa etapa porque fiz besteira hehe)

peguei uma música da Luiza Lian e uma brisa da minha cabeça pra criar o desenho.

peguei uma música da Luiza Lian e uma brisa da minha cabeça pra criar o desenho.

Confesso que não gostei muito do resultado. Levei um tempinho até pegar o jeito de como usar estilete, mas foi bacana pra aprender.

Processo fotográfico

O processo de gravação da tela (matriz serigráfica) pode ser feito com fotossensibilidade. Tava ansiosa por isso porque minha experiência com estilete não foi tão boa e achava que no processo fotográfico os detalhes do meu desenho não se perderiam tão facilmente.

Na oficina a gente preparava uma emulsão fotosensível e aplicava sobre a tela, como mostrado no gif. Depois de secar a emulsão, um fotolito (os desenhos abaixo, impressos em sulfite e que receberam um monte de óleo pra ficar mais transparente) era colocado na parte externa da tela e essa área ficava em contato com uma mesa de luz por aproximadamente dois minutos. Depois disso, só lavar com um jato de água.

Os pontos escuros do fotolito criam os vazados na tela, permitindo a passagem da tinta.

“Os pontos claros (onde a luz passará pelo fotolito atingindo a emulsão) são impermeabilizados pelo endurecimento da emulsão fotosensível exposta a luz. Para cada cor de impressão é utilizada uma matriz, resultando em um impresso com grande densidade de cor, saturação e textura”. (trecho retirado do texto “O que é Serigrafia”, do blog da Printi)

O desenho abaixo eu fiz em 2021, com marcadores e sulfite. Gosto muito dele e achei que ficaria legal transformar numa estampa.

O desafio: trabalhar com mais de uma cor.

Vi nisso uma chance de atualizar meu desenho com uma cor só, já que só tinha uma tela disponível, um novo estilo de desenho e um sonho, rs.

As imagens abaixo mostram essa impressão que fiz totalmente sozinha com as minhas próprias mãos!!

Eu gostei MUITO de como ficou! Não sei explicar direito, mas ver a arte que fiz ganhando outras superfícies e de maneira seriada me deixou bem feliz. Pareceu profissa. Tanto que quis estampar em outros lugares, como num pedaço de tecido de linho cru e na camiseta da Nathalia (primeira pessoa a vestir um modelo Bianca Modas). Também presenteei amigos com alguns prints.

@bianca.muniz sério, acho que me encontrei ❤️#silkscreenprinting #serigrafia ♬ Hits Me Like a Rock - CSS

Unindo programação e arte

O professor também sugeriu que fizéssemos adesivos. Pensei em criar um mapa cujo centro seria o SESC Pompeia. Meu objetivo era só acrescentar uma habilidade que tô mais acostumada no meio desse processo manual: programação em R.

Fiz um mapa com o pacote rcityviews que é bem simples de usar. Com cinco linhas de código, consigo baixar um arquivo vetorial de um mapa, que segue alguns parâmetros de coordenadas, temas pré definidos, zoom, bordas.

# install.packages("remotes") # Uncomment if you do not have the 'remotes' package installed
# remotes::install_github("koenderks/rcityviews", dependencies = TRUE) # Uncomment if you do not have the 'rcityviews' package installed
library(rcityviews)
sesc <- new_city(name = "sesc", country = "Brazil", lat = -23.5261111, long = -46.6833333)
cityview(sesc, theme="modern", zoom = 3, border = "circle", filename = "sescpompeia.svg") 

O desafio da quantidade de cores apareceu aqui também. Editei a paleta no Figma, reduzindo a duas cores o tema que inicialmente tinha cinco, e o Perê separou cada cor no Photoshop, imprimindo a imagem em dois fotolitos diferentes.

O processo de confecção da tela e impressão foi bastante em equipe, assim como a oficina inteira. O resultado do adesivo você pode ver abaixo e na frente do SESC Pompeia (se ninguém colou outro adesivo em cima hehehe)

Esse semestre eu me meti em um monte de atividade nova e com certeza a que mais me encantou foi a serigrafia. Agora serei vista na folhetaria do CCSP toda semana fazendo umas impressões assim.

Vou sentir saudades das manhãs de quarta.

“A última ceia”, digo, “a última serigrafia”.

“A última ceia”, digo, “a última serigrafia”.